
Por: Mainary Nascimento
O abaixo-assinado que pede justiça pela blogueira Mariana Ferrer ultrapassou a marca de 4,2 milhões de assinaturas nesta quinta-feira (5). A petição começou a viralizar na terça, logo depois que veio a público a notícia sobre a sentença inédita, comparada a “estupro culposo”, que a Justiça deu ao caso, com a consequente absolvição do acusado. Em um intervalo de 24 horas, a campanha dobrou de tamanho e tornou-se a maior do ano criada no Brasil, na Change.org.
A petição sai em defesa de Mari Ferrer e simboliza o protesto de todos que ficaram indignados com o desfecho. A blogueira foi vítima de estupro enquanto trabalhava em uma casa de eventos em Florianópolis (SC). Depois de 2 anos do ocorrido, o processo terminou com a sentença absolvendo o empresário André de Camargo Aranha, acusado pelo crime de estupro.

Entre terça e quarta-feira, o abaixo-assinado engajou 2,4 milhões de apoiadores, o que representou um crescimento de quase 150%. O total de assinaturas fez que a petição quebrasse o recorde brasileiro do ano, na plataforma Change.org. Até então, “Justiça por Miguel”, com 2,7 milhões de assinaturas, era a maior mobilização de 2020.
A petição por Mari Ferrer foi lançada ainda em junho, por uma usuária da plataforma, e antes do resultado da sentença ,não passava de 1,6 milhão de assinaturas. Agora, a campanha faz pressão pela condenação do acusado de Aranha.
O empresário foi inocentado em primeira instância, e a defesa da blogueira já entrou com recurso contra a absolvição de Aranha. Além disso, um pedido de investigação por “omissão” contra o juiz responsável pelo caso – Rudson Marcos, da 3ª Vara Criminal de Florianópolis – será analisado pela corregedoria do CNJ (Conselho Nacional de Justiça).
“Assine e compartilhe essa petição para ajudar o caso a ganhar mais visibilidade, que ele não seja esquecido e nem abafado”, destaca um trecho do abaixo-assinado que segue aberto. “Só queremos justiça por Mariana Ferrer, uma jovem de 21 anos que teve sua virgindade e seus sonhos roubados enquanto exercia sua profissão”, completa o texto.
O abaixo-assinado faz referência à “comoção popular” para mostrar que os apoiadores da mobilização não aceitarão “nada menos que justiça na íntegra”. O manifesto é direcionado ao Ministério Público e ao Tribunal de Justiça de Santa Catarina.
Engajamento
Brasileiros de todas as regiões, especialmente mulheres, ainda tomam as redes sociais para protestar contra a humilhação sofrida pela influenciadora, conforme mostrou vídeo do site The Intercept, bem como para pedir engajamento em torno da campanha por justiça a ela.
“As pessoas estão indignadas com o resultado da sentença e com o vídeo no qual Mariana é desrespeitada e tratada da forma mais cruel. Ali vemos que a nossa estrutura processual penal é permeada pelo machismo institucional. Testemunhamos a vítima sofrer violência pela segunda vez e vimos o silêncio de quem deveria intervir naquele momento”, declara Monica Souza, diretora-executiva da plataforma que hospeda a campanha.
Entre famosos e pessoas públicas que compartilharam a mobilização nas redes sociais, estão os atores José de Abreu e Michel Melamed e a cantora MC Carol. Nos próximos dias, novas ações devem ser realizadas no Twitter e no Facebook para pressionar o Tribunal de Justiça de Santa Catarina. O “bombardeio” nas redes contará com o peso do abaixo-assinado.
Mundo
No mundo, a petição que representa um recorde de assinaturas pede justiça por George Floyd, o segurança afro-americano que foi morto durante abordagem policial, nos Estados Unidos, em maio. Criada por uma adolescente norte-americana, o abaixo-assinado está perto de atingir a marca inédita de 20 milhões de apoiadores.
“Tirando o tema da Amazônia, nunca havíamos presenciado um engajamento tão grande em uma petição num período de apenas 24 horas, no Brasil. Por se tratar de um caso de violência contra a mulher, acredito que esse alcance é ainda mais significativo, já que vivemos em um país marcado pela ‘cultura’ do machismo”, finaliza Monica.
Matéria publicada no HuffPost.

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