Editorial – Change.org Brasil

Por todas as vozes, todas as causas, mobilizar é necessário e urgente

O que a união de forças e de vozes é capaz de fazer por uma causa? A história mundial recente vem sendo atravessada por mobilizações e movimentos que tendem a criar pequenas rachaduras nas estruturas que sustentam a sociedade – uma sociedade desigual, na qual poder e direitos andam de mãos dadas e por isso alcançam apenas uma minoria privilegiada. 

Depois de sofrer o impacto do começo de uma pandemia devastadora, o planeta pareceu sair de eixo novamente quando, ainda antes da segunda metade de 2020, a avalanche #BlackLivesMatter tomou as ruas para gritar um “basta” ao racismo. Enquanto George Floyd tornava-se símbolo da luta mundial, o Brasil parecia não enxergar seus próprios Miguéis, suas Ágathas, Cláudias, Amarildos, Gabriéis, Betos, Guilhermes, Pedros Henrique e Joões Pedro.

Todos esses são nomes reais de crianças, jovens ou adultos que tinham em comum a cor da pele e foram assassinados em casos brutais, mal contados ou não esclarecidos. Enquanto tudo isso ocorria, a Change.org viu a mobilização por Floyd causar um divisor de águas na plataforma, provocando uma multiplicação de campanhas em prol de justiça racial. 

Ao passo em que o ano de 2019 havia registrado apenas 47 abaixo-assinados centralizados nessa temática, 2020 terminou com um número quase cinco vezes superior: 223. Enquanto as petições antirracistas lançadas em 2019 receberam o apoio de 217 mil usuários, as campanhas por justiça racial de 2020 engajaram 22,5 vezes mais: 4,9 milhões de pessoas. 

Diante desse cenário, a Change.org se propôs a dar um passo além em apoio à luta antirracista. Em setembro, somou esforços com cinco ativistas, estudiosos e influenciadores do movimento negro – Preta Rara, Douglas Belchior, Preta Ferreira, Ale Santos e Maria Clara Araújo -, bem como com a Coalizão Negra por Direitos, para lançar a campanha #VidasNegras. 

Três vídeos, dezenas de peças nas redes sociais, lives no Instagram, notícias na imprensa e um hotsite com milhares de petições e milhões de assinaturas ajudaram a fortalecer o debate – muitas vezes de forma educativa – e a dar voz, por exemplo, não apenas aos militantes, mas também à mãe do João Pedro e a uma liderança quilombola do Maranhão.  

O ano de 2020 acabou, mas a pandemia e o racismo continuam. As mortes em razão da covid-19 voltaram a superar a marca diária de 1 mil registros. Histórias de crianças e jovens negros atingidos por balas perdidas – ou direcionadas – continuam se repetindo nas favelas do Rio de Janeiro. Apesar de muitas vezes a sensação de “secar gelo” querer assombrar as lutas, a certeza que fica é a de que começamos a traçar um caminho que não tem mais volta.   

De uma vez por todas, estamos tirando os esqueletos de dentro dos armários e a poeira, que já formou uma crosta, debaixo do tapete. Decidimos encarar como nunca os monstros do preconceito, do racismo, da intolerância, dos privilégios e tantos outros que perpetuam e naturalizam mazelas em nossa sociedade. O trajeto é longo, mas é progressivo e sem recuo. E, embora tortuoso, conta com um atalho importante: a união de forças e de vozes.

Mobilizar é fazer com que uma voz silenciada se torne um coro de milhões e seja ensurdecedoramente ouvida. Mobilizar é não soltar a mão de ninguém e, com uma simbólica assinatura em uma petição, dizer que aquela pessoa que luta não luta sozinha. Mobilizar é reunir 930 mensagens de apoio e enviar às mães de João Pedro e Miguel, a fim de aquecer seus corações, como fizeram os assinantes das petições que cobram justiça nos dois casos.    

Mobilizar é perceber que talvez o mundo precise mesmo encontrar um novo eixo e refazer suas estruturas a partir daquelas rachaduras que as mobilizações vêm provocando. Mobilizar faz a diferença e a Change.org toma isso como missão todos os dias. Por todas as causas, todas as pessoas, todas as vozes, todas as lutas, esse caminho não tem mais volta. 


Este editorial foi publicado na 2ª edição da revista digital “Change.org Brasil em Notícias”. Clique AQUI para ler. 


Nós, da Change.org, acreditamos que políticos e empresários ricos não deveriam decidir tudo sozinhos. É por isso que nossa plataforma existe: para que todas as pessoas participem, lutem e sejam ouvidas por meio de abaixo-assinados! 

Somos independentes. Todo o impacto que geramos é por meio das contribuições de uma linda rede de solidariedade que cria petições, assina, doa e se mobiliza por um mundo melhor. Ajude-nos a continuar existindo. Doe!