Norte e Nordeste no universo das petições

Regiões intensificam aderência às mobilizações sociais digitais

Movimento recorreu a petição online para protestar contra transferência do Carnaval de Salvador

Por: Mainary Nascimento

Buscar um mundo no qual nenhum cidadão seja menos empoderado. Essa é uma das principais missões da organização Change.org. Um dos maiores desafios para alcançar esse sonho é mostrar às pessoas que elas têm, sim, o poder de fazer a diferença na sociedade. 

Inspirar, apoiar, orientar e, especialmente, oferecer meios e as ferramentas para que as mudanças e o impacto aconteçam é o que sintetiza a atuação da maior plataforma de petições do mundo, segundo explica Monica Souza, diretora-executiva da organização no Brasil. 

Nos últimos meses, a Change.org colocou em prática um plano de expansão para atuar mais diretamente nas regiões Norte e Nordeste do País Quase um quarto de todos os usuários da plataforma vem dessas localidades. A equipe busca, agora, estreitar os laços com esse público e incentivá-lo a explorar ainda mais e melhor o campo da mobilização social online. 

Assim como nas outras localidades, Monica explica que esse trabalho vai incluir não só o contato com os criadores de campanhas, mas também a intermediação entre eles e as autoridades tomadoras de decisão. Neste semestre, algumas mobilizações locais já foram criadas e amplificadas, dando mais voz e força às pautas dos nortistas e nordestinos.    

Com larga experiência em campanhas, causas humanitárias e trabalho social, Monica dirige sua equipe para que os brasileiros e brasileiras possam se apropriar da plataforma a fim de desempenhar sua participação cidadã, levantar suas bandeiras, engajar apoiadores, pressionar tomadores de decisão e conquistar as mudanças que desejam ver na sociedade. 

À revista “Change.org Brasil em Notícias”, Monica contou um pouco sobre como esse trabalho está se desenvolvendo nas regiões Norte e Nordeste. Confira, a seguir, a entrevista na íntegra com a diretora-executiva da plataforma no Brasil e conheça importantes campanhas que estão ativas e buscando transformar realidades nessas duas localidades. 

Neste semestre, a Change.org passou a atuar mais próxima de mobilizações nas regiões Norte e Nordeste do Brasil? Como se deu essa iniciativa? 

M: Essa iniciativa se deu por uma demanda crescente de novas petições e, consequentemente, novos usuários nestas regiões. Para atender essa demanda, fizemos um plano de expansão com um analista de campanhas dedicado às pautas dessas localidades.

Monica, pode contar um pouco sobre como tem funcionado esse trabalho? Vocês estão em contato com peticionários e movimentos dessas regiões? 

M: Sim. Estamos em contato com organizações, coletivos, movimentos e ativistas destas regiões para utilizarem a Change.org para a hospedagem e engajamento de suas pautas, tanto locais quanto regionais e nacionais. Nos nossos planos também está a realização de oficinas de capacitação para novos peticionários conhecerem mais sobre a plataforma e o poder de mobilização que ela possibilita a todas as pessoas. Além do nosso trabalho com os futuros usuários, a Change.org também fará uma atuação com as mídias locais para a promoção destas agendas.

Pode contar um pouco sobre algumas campanhas que surgiram em decorrência dessa atuação mais próxima da equipe da Change.org no Norte e Nordeste? 

M: Claro. Estamos acompanhando uma importante mobilização de moradores, empresários, músicos, compositores e blocos carnavalescos de Salvador. O movimento “SOS Carnaval Salvador” está em campanha para manter o tradicional circuito Dodô no Farol da Barra. A Prefeitura estuda a possibilidade de transferir a folia para a orla da Boca do Rio, o que interfere em uma questão cultural e de tradição e também vai contra o desejo da maioria da população local e turistas. O abaixo-assinado criado pelo movimento já reúne, em nossa plataforma, 5,6 mil apoiadores. Além disso, o grupo também coletou outras milhares de assinaturas físicas. Ambos calhamaços de assinaturas chegarão às mãos das autoridades responsáveis. 

O circuito carnavalesco Dodô tem 32 anos de história (Foto: Manu Dias/GOVBA)

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Reforce a mobilização em defesa do tradicional circuito carnavalesco de Barra-Ondina. Assine a petição do movimento “SOS Carnaval Salvador”: http://change.org/FicaCircuitoBarraOndina    

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Já na região Norte, vale destacar uma mobilização em prol de melhorias nos serviços de saúde pública. A petição, que já engaja mais de 16 mil pessoas, destaca alguns casos recorrentes de mortes de crianças, na capital do Acre, Rio Branco, vítimas de síndromes respiratórias graves, nos últimos meses. As famílias estão cobrando explicações e apuração célere das autoridades. A mobilização aborda a falta de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pediátricos. 

Nós pressionamos diretamente o Ministério Público do Estado do Acre (MP-AC) e obtivemos uma resposta. O órgão se manifestou aos assinantes da petição dizendo que a 1ª Promotoria de Justiça Especializada de Defesa da Saúde (PEDS) e a Promotoria de Justiça Especializada de Defesa da Criança e do Adolescente instauraram procedimentos extrajudiciais para apurar “as ventiladas falhas, ou omissões, no serviço de assistência à saúde e acompanhar a disponibilidade de leitos de pediatria, medicamentos e insumos da rede pública voltada ao atendimento infantil”. As apurações prosseguem e nossa equipe continuará acompanhando de perto. A mobilização partiu de uma mãe de Rio Branco em solidariedade às outras que perderam suas crianças. 

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Apoie também o abaixo-assinado que pede melhorias na saúde pública do Acre. Junte-se à campanha em: http://change.org/SOSSaudeNoAcre     

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Monica, atualmente, a plataforma de vocês possui mais de 39 milhões de usuários em todo o Brasil. Você tem algum recorte relacionado ao público dessas regiões? Os moradores do Norte e Nordeste se engajam em abaixo-assinados online? 

M: Podemos afirmar através de dados coletados pela Change.org que 21% dos nossos usuários são da região Norte e Nordeste, o que significa que temos uma parcela significativa dessa população atuando no universo do ativismo digital, mas ainda há muito a explorar no campo de mobilização social online. O maior abaixo-assinado na Change.org Brasil até hoje, por exemplo, foi criado por uma jovem de Manaus contra o desmatamento na Amazônia. Já são mais de 6 milhões de assinaturas coletadas não só no Brasil, mas em vários países.

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“Temos uma parcela significativa dessa população atuando no universo do ativismo digital”

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A Change.org faz um importante trabalho de encaminhamento das petições às autoridades responsáveis por solucionar as demandas. A atuação de vocês no Norte e Nordeste também vai incluir esta mediação entre peticionários e tomadores de decisão? 

M: O fluxo do nosso trabalho será o mesmo para as outras regiões, mas com uma pessoa dedicada somente a este objetivo. A intermediação da Change.org entre peticionários e tomadores de decisão é fundamental para a credibilidade e sucesso de um abaixo-assinado. A petição relacionada à saúde pública no Acre, que comentei anteriormente, é um ótimo exemplo disso. Continuaremos sempre em busca de uma vitória para as petições em nossa plataforma.

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“Continuaremos sempre em busca de uma vitória para as petições em nossa plataforma”

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Monica, você tem a missão de comandar ​​a maior plataforma de tecnologia voltada à mudança social do Brasil. O que você diria aos nortistas e nordestinos que desejam liderar ou se engajar em alguma mobilização, mas não acreditam que pode dar certo?

M: Nos últimos anos o ativismo digital no País tem crescido muito. Uma plataforma de mobilização digital é uma grande oportunidade para peticionários se conectarem com outras pessoas que têm os mesmos anseios e apoiam suas pautas e causas. É uma forma de engajar mais gente e fazer pressão para a conquista do objetivo. Já vimos petições crescerem rapidamente porque milhares de pessoas estavam dispostas a lutar pelo mesmo propósito. O chamado “ativismo de sofá” é real e dá resultados porque hoje vivemos em um mundo online. O trabalho que fazemos todos os dias na Change.org é um dos resultados dessa realidade. 

Experiente em campanhas, Monica dirige a equipe da Change.org no Brasil (Foto: Arquivo pessoal)

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“O chamado ‘ativismo de sofá’ é real e dá resultados porque hoje vivemos em um mundo online” 

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Gostaria de comentar mais alguma coisa sobre a atuação da organização? 

M: Vale sempre lembrar que a Change.org é uma plataforma livre, gratuita, plural e aberta. Acreditamos que nenhum cidadão deve ser menos empoderado. Não criamos, mas hospedamos petições, colocando à disposição nossos recursos tecnológicos e expertise da nossa equipe para que todos possam lançar as mobilizações que desejam, somar forças com milhões de apoiadores e descobrir novos meios para dialogar com líderes políticos e autoridades. Atualmente, temos mais de 39 milhões de usuários somente no Brasil e acumulamos mais de 1.000 vitórias, ajudando a fortalecer o exercício cidadão e a democracia.


Esta matéria foi publicada na 5ª edição da revista digital “Change.org Brasil em Notícias”. Clique AQUI para ler. 


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