Mulheres se unem por causas em comum e protagonizam lutas

Por: Mainary Nascimento
A conquista de direitos em um país tão desigual como o Brasil quase sempre passa por muita luta. No caso das mulheres, que são minoria nas casas legislativas e nos cargos de governo, essa luta é praticamente dobrada. É em meio a esse cenário que ativistas, mães, estudantes, profissionais, líderes de organizações, enfim, mulheres de todos os jeitos e perfis se unem para levantar bandeiras e criar mobilizações que terão impacto nas suas vidas.
No último 8 de março, data em que é comemorado o Dia Internacional da Mulher, a Câmara dos Deputados parou por um momento não só para homenagear, mas também para ouvir e receber reivindicações lideradas por mulheres de dentro e de fora do mundo da política.
Soraya Araújo, especialista em Políticas Sociais e sócia da Colabore com o Futuro, empresa de mobilização social e advocacy, esteve presente em um ato solene e em reuniões para levar a parlamentares duas pautas ligadas ao direito da mulher. Uma delas luta pela adoção de tratamentos mais adequados contra o câncer de mama em estágio avançado.
A outra demanda apresentada pela Mestre em Psicologia Institucional e Doutora em Saúde Pública e Ciências Políticas trata de ações de combate aos golpes aplicados com o uso de “drogas de estupro”, como o “Boa Noite, Cinderela” e gases que causam intoxicação.
Ambas as pautas contam com forte engajamento popular, especialmente das mulheres, e são simbolizadas por dois abaixo-assinados organizados pela Colabore com o Futuro. Abertas na plataforma Change.org, as petições reúnem milhares de apoiadores. Mais de 21 mil pessoas abraçam a luta contra o câncer de mama e 4 mil o combate às “drogas de estupro”.
Soraya defendeu a ideia de que mulheres saudáveis e economias saudáveis estão interligadas. No contato com parlamentares, enfatizou que uma população feminina saudável é capaz de trabalhar mais, gerar riqueza, cuidar melhor de suas famílias e participar ativamente da vida política e econômica do País, o que resulta em uma sociedade mais igualitária e justa.
A doutora em Saúde Pública ainda chamou a atenção para o círculo vicioso de pobreza e desigualdade que pode se formar quando as mulheres não recebem a devida atenção e os serviços de saúde necessários – um ciclo que as impede de viver todo o seu potencial.
“Investir na saúde e no bem-estar das mulheres é fundamental para o desenvolvimento socioeconômico sustentável do país como um todo. Quando as mulheres são saudáveis e têm acesso aos cuidados médicos necessários, as economias prosperam e as comunidades se beneficiam”, comenta Soraya, que é pesquisadora dos sistemas e políticas de saúde.
Engajada em causas sociais, a sócia da Colabore com o Futuro está sempre presente em audiências públicas e reuniões ligadas ao tema da saúde. Como forte conhecedora das áreas de relações governamentais e institucionais e também dos processos de acesso e financiamento de saúde pública e privada, Soraya ecoa, dentro do mundo político, a voz e as necessidades de pacientes que enfrentam vácuos nos serviços de saúde no Brasil.
Durante a sessão e em outras reuniões, a especialista em advocacy (prática política que influencia a formulação de políticas públicas) entregou as petições a parlamentares. Entre as deputadas, receberam Luísa Canziani (PSD-PR), coordenadora da bancada feminina da Câmara, e Celina Leão (PP-DF), coordenadora dos Direitos da Mulher na Câmara. As senadoras Leila Barros (PDT-DF), que é procuradora especial da Mulher do Senado Federal, Soraya Thronicke (União-MS) e Eliziane Gama (PSD-MA) também acolheram os manifestos.
“A receptividade [das deputadas e senadoras] foi excelente! Elas se comprometeram em fazer propostas e encaminhamentos para atender as necessidades de saúde das mulheres, principalmente para aquelas com câncer de mama avançado”, celebra Soraya. “Minha expectativa é que os encaminhamentos sejam dados e em breve possamos ter uma política de saúde das mulheres mais estruturada”, acrescenta a especialista em advocacy.
Soraya, que já foi conselheira de saúde no Conselho Nacional de Saúde (CNS), defende a necessidade do empoderamento de pacientes de diferentes doenças como forma de inclusão social. Por meio de abaixo-assinados na internet, a Colabore com o Futuro gera engajamento e amplia a voz desses pacientes sobre as demandas de saúde que enfrentam.

Combate ao câncer de mama
O manifesto #ElaPrecisa, organizado pela Colabore com o Futuro, reivindica mais atenção às mulheres que têm câncer de mama em fase avançada. Sete em cada 10 pacientes neste grau da doença não têm acesso a tratamentos adequados e acabam esquecidas.
Em 2020, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), 66 mil mulheres foram diagnosticadas com o tumor e cerca de 14 mil morrem todos os anos pela doença.
“O diagnóstico precoce ainda não é a realidade no sistema público de saúde: mais de 35% dos diagnósticos são realizados em estágio avançado, ou seja, quando o câncer avança e passa a atingir outros órgãos do corpo”, explica o texto do manifesto #ElaPrecisa.
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Junte-se a essa causa! Assine o manifesto #ElaPrecisa e ajude a reforçar o apelo das pacientes com câncer de mama em estágio avançado: http://change.org/ElaPrecisa
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A campanha chama atenção para a diferença de assistência que essas pacientes recebem no sistema privado de saúde em comparação com o público. Para quem tem plano de saúde, é possível ter acesso a tratamentos mais modernos, capazes de prolongar o tempo de vida. Já o Sistema Único de Saúde (SUS), há quase duas décadas, não passa por uma atualização das novas tecnologias para tratar o câncer metastático do tipo mais comum.

“Se não agirmos agora estaremos perdendo a oportunidade de mudar esse cenário prospectado, reduzindo a esperança por mais vida das pacientes com câncer de mama avançado, que, segundo as previsões dos especialistas, crescerão em número em curto espaço de tempo”, destaca o abaixo-assinado que segue aberto na plataforma Change.org.
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“Se não agirmos agora estaremos perdendo a oportunidade de mudar esse cenário”
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A mobilização liderada pela Colabore com o Futuro pede que dois inibidores de enzimas utilizados no tratamento contra o câncer de mama em estado avançado ou metastático sejam incorporados ao Sistema Único de Saúde. “Essa classe de medicamentos mais do que dobra o tempo de vida da paciente do SUS e, para as pacientes que já têm que conviver com essa doença, cada minuto de vida a mais importa”, declara trecho do manifesto #ElaPrecisa.
“Acorda, Cinderela!”
A outra mobilização levada ao Congresso Nacional visa cobrar maior prevenção e ações de combate aos golpes com “drogas de estupro” – como o conhecido golpe “boa noite, Cinderela” e ocorrências de intoxicação por gás. A campanha “Acorda, Cinderela” solicita mudanças na legislação para que esse tipo de prática possa ser considerada crime.
Atualmente, o Código Penal não prevê este tipo delito, o que, por muitas vezes, dificulta a penalização do autor, caso ele ainda não tenha praticado o estupro ou o roubo, que são as finalidades mais comuns do golpe. O manifesto aberto também cobra providências das autoridades e medidas de empresários donos de bares e casas noturnas para o combate.

“Para mudar o cenário de aumento de crimes com drogas de estupro no Brasil, precisamos que algumas medidas sejam tomadas”, afirma Carolina Cohen, que é cofundadora da Colabore com o Futuro. “Informação é o primeiro passo para prevenção. Desta forma, os bares e casas noturnas também podem ajudar na prevenção desses crimes”.
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“Informação é o primeiro passo para a prevenção”
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A mobilização sugere que placas informem e previnam sobre esses golpes em estabelecimentos que servem bebidas alcoólicas e que os locais ofereçam, ainda, opção para que os drinks sejam servidos em copos com tampas. Outra proposta é que os medicamentos usados nessas práticas tenham cor, gosto e cheiro. Em geral, as “drogas de estupro” são transparentes, inodoras e não têm gosto, o que faz as vítimas ingerir sem perceber.
Além da petição, a campanha “Acorda, Cinderela” conta com um vídeo contendo alertas e orientações. Também são disponibilizados cartilhas educativas com informações sobre como se proteger e se prevenir desses golpes e materiais de apoio a quem já foi vítima.
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Com sua assinatura, você pressiona as autoridades a adotar as medidas propostas na campanha. Assine em: http://change.org/AcordaCinderela
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“É imprescindível informar a sociedade sobre os efeitos emocionais e físicos que esses medicamentos podem causar, além de reforçar a importância dessas drogas serem sempre vendidas com receita e com muito critério”, destaca a cofundadora da Colabore com o Futuro.
A campanha “Acorda, Cinderela” chama atenção que qualquer pessoa pode ser vítima de uma “droga de estupro”. De adolescentes a idosos, homens e mulheres de todas as orientações sexuais podem ser levados à vulnerabilidade absoluta por meio dessa prática. O objetivo dos criminosos nem sempre é o abuso sexual, mas também o roubo ou a extorsão.

Esta matéria foi publicada na 6ª edição da revista digital “Change.org Brasil em Notícias”. Clique AQUI para ler.

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